Resumen: Se presentan algunos resultados de una investigación más amplia, dirigida a conocer los discursos de la infancia y su cuidado de un dispositivo de intervención de la infancia temprana en Chile. Utilizando el recurso del análisis de repertorios interpretativos (Potter y Wetherell, 1987; Wetherell y Potter 1996) se analizó un corpus textual conformado por 12 documentos institucionales. De los múltiples repertorios identificados, aquí presentamos aquellos que nos permitieron captar de forma singular las relaciones entre neurociencias, política pública e infancia: el cerebro como actor social; el riesgo como alteración; y la intervención como optimización. Concluimos, que estos repertorios colaboran a la conformación de representaciones de la infancia altamente biologizadas y fuertemente vinculadas a modelos de capital humano y representaciones tradicionales del género y la maternidad. Si bien los hallazgos de la neurociencia se plantean como promesa para superar la desigualdad social, se trataría más bien de un optimismo cruel (Edwards, Gillies y Horsley, 2015) que ocultaría las profundas desigualdades de género y sociales en nuestro país y el posicionamiento de las madres pobres como responsables de los riesgos, así como del desarrollo cerebral de sus hijos.
Abstract: Some results of a broader investigation are presented, aimed at knowing the speeches of childhood and their care of an intervention device of early childhood in Chile. Using the resource of interpretive repertoire analysis (Potter and Wetherell, 1987, Wetherell and Potter, 1996), a textual corpus consisting of 12 institutional documents was analyzed. From the multiple repertories identified, we present those that allow us to capture in a singular way the relationships between neurosciences, public policy and childhood: the brain as a social actor; the risk as alteration; and the intervention as optimization. We conclude that these repertoires collaborate in the conformation of representations of childhood that are highly biologized and strongly linked to models of human capital and traditional representations of gender and motherhood. Although the findings of neuroscience are seen as a promise to overcome social inequality, it would be rather a cruel optimism (Edwards et al., 2015) that would hide the deep gender and social inequalities in our country and the positioning of poor mothers as responsible for the risks, as well as the brain development of their children.
Resumo: São apresentados alguns resultados de uma investigação mais ampla, dirigida a conhecer os discursos da infância e seu cuidado de um dispositivo de intervencao da primeira infancia temprana no Chile. Utilizando o análise de recursos de repertórios interpretativos (Potter e Wetherer, 1987) analisou-se se um corpus textual composto de 12 documentos institucionais. Dos vários repertórios identificados, apresentamos aqueles que nos permitem captar de forma singular as relações entre neurociências, políticas públicas e infancia: o cérebro como ator social; o risco como alteração; e a intervenção como otimização. Concluímos que esses repertórios colaboram com as representações da infância altamente biologizadas e fortemente ligadas aos modelos de capital humano e representações tradicionais do gênero e maternidade. Enquanto as descobertas da neurociência surgem como uma promessa para superar a desigualdade social, mais bem tratar-se-ia de um cruel otimismo (Edwards et al., 2015) que ocultaría as profundas desigualdades de gênero e sociais em nosso país, e o posicionamento das mães pobres como responsáveis pelos riscos, bem como o desenvolvimento cerebral de seus filhos.
